Quem tem medo da inovação aberta?

« voltar





Fábio Adiron

Na sua famosa peça “Quem tem medo de Virginia Woolf?” (encenada no cinema por Richard Burton e Elizabeth Taylor), o autor Edward Albee acentua que a realidade e a verdade são feitas de um material diverso daquele que é consagrado pela tradição.

Tradição e apego aos hábitos e costumes do passado são traços que inibem e impedem muitas empresas de inovarem e, mesmo aquelas que têm alguma cultura inovadora ainda são muito resistentes à inovação aberta.

Quando falamos de inovação, geralmente quem possui uma empresa pensa em usar recursos internos. Mas, existem formas mais horizontais de inovar. A inovação aberta é um termo criado por Henry Chesbroug, um pesquisador da Harvard Business School. Consiste em promover uma forma de inovação mais colaborativa e diversa. Nela, há o envolvimento de várias partes externas à uma empresa, como clientes, fornecedores, institutos de pesquisa, órgãos públicos, startups e outras empresas.

Os gestores de negócios muitas vezes preferem guardar suas ideias como um segredo quando poderiam gerar valor à empresa por meio do compartilhamento de conhecimento, uma estratégia benéfica para todas as partes envolvidas, especialmente em tempos de recessão como os nossos.

O que sua empresa pode ganhar com a inovação aberta?

Formar uma equipe qualificada de inovação pode ser muito caro e levar tempo. Profissionais qualificados são escassos e cobram caro. Sem contar eventuais gastos com equipamentos, ferramentas tecnológicas e espaços.

A necessidade de um investimento mais acessível e ágil, a possibilidade  de contar com uma ampla rede de parceiros de forma colaborativa, uma grande quantidade de profissionais e organizações envolvidas acelera muito o processo. O caráter experimental e descentralizado do projeto também contribui para a criatividade e troca de ideias fluírem mais facilmente.

Inovar envolve riscos. Diversos riscos. O investimento pode ser alto, e o resultado pode não trazer lucro a curto prazo.

A inovação aberta garante uma visão ampla  do mercado. Afinal, não há apenas as ideias dos profissionais da sua empresa. É possível saber a visão de outras companhias, das startups, dos clientes, dos fornecedores, das universidades, entre outros. 

Ou seja, você consegue coletar dados confiáveis e amplos, para a tomar as melhores decisões.

A conta é simples, maior probabilidade acertos (pela visão ampla do mercado) e menores valores de investimento, tendem a conduzir a um maior retorno sobre investimento.

A inovação aberta permite gerar não só novos produtos e serviços, mas também mercados e oportunidades de negócio. Afinal, trata-se de uma inovação mais radical, que cria grandes rupturas. 

Enquanto a inovação fechada, geralmente, costuma focar apenas em ganhos incrementais, a inovação aberta pode levar sua empresa a gerar soluções disruptivas.

A inovação aberta tem a vantagem de que a empresa não fica presa ao seu modelo de negócio e pode ir muito além da atual cadeia de valor dos clientes atuais e potenciais.

Em suma, muito mais do que “pensar fora da caixa”, você pode se unir a caixas diferentes que, juntas, podem gerar muito mais que a simples soma das partes.