Bernard Marr, no seu excelente “Data Strategy” de 2017, já avisava que todo negócio era ou iria se tornar um negócio de dados. Não era uma profecia como costumam fazer muitos futuristas, mas uma constatação da realidade.
A cada dia vemos mais negócios se transformando digitalmente (e transformação digital é estar fundamentado em dados) ou nascendo já dentro de um formato baseado em dados.
A pergunta é: como eu transformo dados em receita e lucratividade?
Melhorando a tomada de decisão
O primeiro atributo dos dados que permite a geração de negócios é que eles permitem uma melhor tomada de decisão.
Quantas vezes nos deparamos com momentos onde a decisão certa ou errada pode significar ganhar ou perder dinheiro?
No universo da comunicação, escolher o melhor público para uma campanha, desenhar o plano de mídia que permita ao mesmo tempo gerar volume e reduzir o custo de aquisição de novos clientes, definir qual é a melhor oferta para cada segmento, prever quais clientes tem mais tendência a cancelamento (e selecionar o que valem à pena reter ou não), conceder ou não conceder crédito.
Os dados podem orientá-lo em cada uma delas de maneira alcançar resultados significativos.
Além disso podem responder as grandes questões que afligem os negócios de todas as empresas (sejam as nossas agências e consultorias, sejam as nossas empresas clientes)
Além disso, são esses mesmos dados que poderão fornecer respostas para as questões financeiras, operacionais e até de recursos humanos do nosso negócio. O uso de people analytics já é uma realidade de muitas empresas.
Cada decisão acertada ou cada erro evitado significará mais receita ou menos custo para o seu negócio e, portanto, mais lucro no final das contas.
Melhorando os processos
Não é somente nas grandes decisões estratégicas que o uso de dados pode otimizar suas receitas e seus custos.
Ainda que, geralmente, o primeiro uso de dados nas organizações seja o de melhorar as decisões, a cada dia vemos mais empresas usando esses mesmos dados para aperfeiçoar os seus processos. Seu objetivo é o de fazer seus processos fluírem de forma mais suave e eficiente.
Da logística ao serviço de atendimento ao cliente. Da produção ao contas a pagar. Da contratação de novos funcionários até o desenvolvimento de novos sistemas e implantação de novas ferramentas de software.
Em um processo de produção, o data analytics pode fornecer informações de controle de qualidade, de gestão de desperdício (ou de ociosidade, ou de retrabalho em uma agência), pode apontar caminhos para a simplificação de processos e de burocracia interna.
Baseados em dados é que muitas empresas reduziram significativamente o tempo e a segurança na análise de fraudes o que permitiu uma análise de crédito com mais precisão (seja para conceder ou para negar).
No nosso negócio digital, também repleto de processos, podemos imaginar muitas possibilidades:
A lista poderia ser interminável. Cada modelo de negócio tem uma enorme quantidade de processos. Todos eles podem ser melhorados com dados.
Monetizando os dados
Há não muito tempo, muitas pessoas acreditavam que transformar dados em dinheiro significava apenas juntar e vender dados. Esse ainda é um negócio que movimenta grandes somas, mas a monetização de dados já está muito além de ser um revendedor de informações.
Quando você junta informações geográficas, climáticas, de fluxo de veículos, você cria um Uber. Se juntar informações de solo, microclima, mercados de commodities e custos de financiamento agrícola, você cria o Myjohndeere.com
Em 2016 a IBM comprou o Weather Channel por US$2 bilhões. O que estava por trás disso era a quantidade e a qualidade dos dados do WC. Afinal de contas o clima afeta não só o agronegócio, mas o varejo, o transporte, o entretenimento, dentre muitos negócios. A quantidade de produtos e serviços possível de ser criada com esses dados é imensa.
Em todos os ramos de negócios, dados fazem parte do valor da empresa. Em alguns eles são seu negócio principal, mesmo quando não aparentam ser isso. Para o Tesco o seu negócio é um negócio de dados, que são obtidos pelas transações de clientes na sua rede de supermercados. A Amazon é um negócio de dados. Qualquer rede social é um negócio de dados.
Por onde começar?
Talvez você ainda não tenha dentro de casa as ferramentas e as competências para essa virada de chave do seu negócio, e começar do zero sempre vai significar um investimento de tempo, dinheiro e curva de aprendizagem significativos.
Comece pequeno, pense grande, cresça rápido[1]
O primeiro passo será definir qual será o seu posicionamento estratégico nesse mundo de negócios de dados. Sem essa definição nada do que se segue abaixo fará sentido.
Uma vez definida essa estratégia, procure parceiros operacionais que possam entregar a parte do serviço que você ainda não tem. Existem diversos para cada uma das etapas acima e não poucos que podem ajudar em mais de uma etapa. Junto aos parceiros dimensione o mercado alvo, monte produtos para sua oferta e crie um posicionamento claro.
A partir daí, é um processo de prospecção e vendas como qualquer outro, com a vantagem que você pode começa-lo com os clientes que já tem na sua carteira.
[1] Frase brilhante do Eduardo Ramalho