Fábio Adiron
Livros de negócios abundam (et quod abundat non nocet) no mercado, ainda que hoje sofram as concorrência dos e-books com receitas de bolo de todos os sabores. Alguns excelentes, o que em qualquer situação, são uma minoria. A grande massa é de medianos e, no outro extremo da curva normal, outros são péssimos.
Como sou leitor voraz de muita coisa, esse tipo de livro faz parte do meu consumo há anos. Sem fazer juízo de valor dos livros em si (existe excelência em todos os estilos abaixo) o que eu constatei foi:
Livros americanos. Costumam ter uma introdução longa que praticamente resume o livro (inclusive o que vai ser falado em cada capítulo). Cada capítulo tem um conceito básico que é desenvolvido com base em estatísticas (mais ou menos confiáveis) e um monte de histórias de empresas bem ou mal sucedidadas, para comprovar sua tese. Isso torna a leitura extremamente tediosa. O último que li dessa origem é um livro de mais de 400 páginas (bom livro por sinal) que poderia ter dito exatamente a mesma coisa em um pouco mais de 100.
Livros europeus. Não perdem tempo com introdução, costumam ir direto ao ponto, e ter uma sequência encadeada de construção da tese através dos seus capítulos, geralmente embasada em outros campos de conhecimento e só contam algum caso ou história quando é absolutamente imprescindível. Não são obrigatoriamente livros curtos, mas quando se estendem por mais páginas é pelo fato de terem mais a falar sem se repetir.
Livros brasileiros. Aqui temos duas categorias predominantes: as reproduções acadêmicas e os livros de “causos”. Os acadêmicos reproduzem teses de mestrado e doutorado, com suas vantagens e desvantagens. Geralmente tem rigor científico mas, por outro lado o texto se perde numa infinidade de citações. Já os contadores de “causos” raramente tem um ponto específico onde querem chegar, não provam nada pois esse não é o seu objetivo. São leitura de lazer, o que, de novo, não significa que não existam alguns muito bons, especialmente quando o autor tem humor e uma verve literária aguçados.
Não tenho experiência suficiente para falar de livros de negócios de latino-americanos ou asiáticos (os poucos que li desses eram de profissionais radicados em universidades americanas ou europeias e seguiam o estilo local).
Portanto, se você gosta de ler esse tipo de livro, recomendo muito que se informe antes a respeito. Leia algum artigo do autor (curiosamente os americanos, muitas vezes, conseguem dizer em um artigo tudo que está no livro), peça recomendação a pessoas em que você confie e claro, nunca compre um livro pela capa ou pelo título.
Boa leitura.
Descrição de imagem: foto do Real Gabinete de Leitura Portuguesa, uma imensa e antiga biblioteca situada na cidade do Rio de Janeiro – RJ