Os incríveis exércitos do mundo tecnológico

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Para o Dalmer Sella, que me deu o mote

Na Itália medieval um quixotesco personagem forma uma exército que sai em busca da conquista de um feudo para chamar de seu. Enfrentam a peste, a fome, a guerra, os sarracenos e os bizantinos. A história se desenrola em uma sucessão de fracassos retumbantes até o seu final que é outro recomeço.

Não por acaso “O incrível exército de Brancaleone” me vem à mente ao saber dos esforços descomunais que muitas empresas estão fazendo para construir internamente uma área de inteligência artificial, machine learning, data science ou tantos outros ápodos e alcunhas.

Não que os profissionais de engenharia de dados, ciência de dados, business intelligence ou programação sejam semelhantes aos maltrapilhos liderados por Brancaleone, mas pela visão simplista de recrutar um exército de pessoas muito inteligentes sem uma plataforma que suporte suas atividades geralmente gera uma sucessão de fracassos e recomeços  interminável.

A história começa sempre com o idealismo de algum líder que quer libertar libertar Jerusalém dos mouros ou, pelo menos, ter um feudo para chamar de seu.

Na sequência começa a recrutar seus soldados, geralmente aliciando profissionais de outras empresas (até porque o mercado não tem quantidade suficiente deles para atender à demanda de todos os Brancaleones).

Uma vez formado o batalhão inicial, com tamanha intelectualidade, que preferem chamar de “squad”, investem pesado em armas (ferramentas tecnológicas) e munições (captura de qualquer tipo de dado que esteja sobrevoando a noosfera).

E saem em direção à Terra Santa, onde esperam encontrar a messiânica resposta para todos os seus problemas de negócios.

Acontece que muitos dos dados não passam de pólvora seca e acabam descartados. Nem todas as ferramentas dão conta da megalomania do projeto. E aqui o principal conceito do ágil/SQUAD, que é garantir uma entrega de valor rapidamente a ser incrementada na sequência, se perde no desejo megalomaníaco de poder fazer tudo ao mesmo tempo.

Para piorar, à medida que o tempo passa – e nem é necessário que seja muito tempo – os soldados começam a desertar ao receberem propostas ainda melhores de outros exércitos mercenários.

A substituição dos soldados fica mais difícil e inicia-se o processo de chamar recrutas pouco ou muito mal preparados, que vão ter dificuldade em lidar com as demandas dos ambientes corporativos e s disciplina militar exigida. Esse acabam indo embora muito mais rapidamente que os anteriores.

Circula nas redes um meme que diz que “depois de 20 anos, 4 presidentes e trilhões de dólares, tudo que os Estados Unidos conseguiram foi substituir o Talebã pelo Talebã”,

Em muitas empresas, depois de anos, diversos gestores e centenas de milhares de dólares, tudo que esses exércitos conseguem é substituir a falta de informação por informação que, após as expectativas do negócio, com formato de difícil uso e com a consequência de não ser o verdadeiro vetor de evolução da empresa em plena era da informação, não serve para nada.

E assim caminha a humanidade.