O que dizem as marcas

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Em um mundo em que a transformação tecnológica é cada dia mais rápida, não deixa de ser interessante reparar como os países estão evoluindo, ou não.

Nos Estados Unidos, em 1990, apenas 2 empresas de tecnologia faziam parte das 10 marcas mais valiosas do país. Em 2000 já eram 5, atualmente são 8, ou seja, a situação se inverteu e, agora, apenas 2 não são de tecnologia.

Olhando o resto do mundo o que vemos é que em 2018, na Ásia são 5, na Europa 3 (as marcas de produtos de luxo ainda são predominantes aqui) e na América Latina…bem, na América Latina nós continuamos a beber cerveja enquanto o mundo evolui: nenhuma marca de tecnologia e 5 de cerveja.

O Brasil é um bom representante desse modelo latino americano, das nossas 10 marcas mais valiosas, 4 são de cerveja (2 são de bancos e as outras 4 se distribuem em categorias diversas).

Não só não temos nenhuma empresa de tecnologia relevante, como a primeira que aparece na lista das 50 maiores está em 48º lugar.

Alguém pode alegar que as maiores empresas de tecnologia estão por aqui, o que limita o desenvolvimento de empresas locais, mas, se pensarmos dessa forma, as maiores marcas de cerveja também estão por aqui.

Outra desculpa comum para esse cenário é dizer que empresas de tecnologia demandam capital intensivo, como se as grandes empresas brasileiras não fossem dependentes disso também.

O que, talvez, seja uma verdade, é que a cultura e a educação, sejam de modo geral, sejam especificamente dos nossos empreendedores, ainda estão longe das que têm os países mais desenvolvidos do mundo.

Nossas faculdades não formam pesquisadores e empreendedores. Nossas empresas, salvo raríssimas exceções, entendem que centros de pesquisa não trazem resultados de curto prazo e, portanto, são um desperdício. A política estatal (em todos os níveis de governo) costuma cortar verbas de pesquisa para pagar auxílio moradia para quem não precisa.

Alguém pode alegar que as novas gerações estão criando startups aos montes, no futuro nosso modelo vai mudar.

Como diria o saudoso Paulo Francis: waaalll! Infelizmente quase todas startups estão apenas querendo “criar” novos aplicativos de coisas que já existem e captar verba de investidores (sei que vou ser bombardeado por esse comentário, quem puder me desmentir com dados e fatos me fará mais feliz).

Existe solução?

A única que vejo seria uma revolução, de verdade, no nosso modelo educacional. Seja do ponto de vista de investimento, seja do ponto de vista de foco e objetivos. Algo que poderia mudar o futuro dos meus netos, em boa hipótese.

Caso contrário, nossas futuras gerações continuarão a beber cerveja. Uma oportunidade para startups que desenvolvam produtos para alcoólatras e cirróticos.