A importância da assertividade na comunicação interpessoal

« voltar





Virginia Fantoni

Na presença de desacordos ou conflitos os indivíduos normalmente apresentam um comportamento que oscila entre a submissão e a agressividade.

Existe uma terceira alternativa que se localiza em um ponto intermediário entre estes extremos, que é o comportamento assertivo. Infelizmente o conceito de assertividade está sendo usado de forma inadequada, conferindo-lhe a ideia de precisão, acerto.

A assertividade na verdade se refere a uma conduta que se baseia em valores humanos de respeito e aceitação de si mesmo e dos outros, fomentando um clima de cooperação e harmonia, nas organizações e fora delas.

O objetivo final é garantir a satisfação mútua na resolução de conflitos. Como consequência, melhora a autoestima e a eficiência pessoal. Trata-se de um autogerenciamento de conduta.

Comportamento submisso

O posicionamento submisso acontece quando colocamos os direitos dos outros acima dos nossos. A justificativa normalmente é evitar problemas ou situações desagradáveis. Desta forma, abrimos as portas para que os outros comentam abusos e infrinjam os nossos direitos.

Com o passar do tempo, a nossa autoestima diminui, nos sentimos desvalorizados, indefesos, desvalorizados, negligenciados, o que geralmente leva a um ressentimento que pode fazer que em um determinado momento percamos o controle e apresentemos um comportamento oposto: agressivo e hostil.

Comportamento agressivo

Este comportamento se manifesta quando o indivíduo defende os seus direitos desrespeitando os direitos dos outros. Ele por vezes envia sinais sutis, indiretas, como por exemplo: “Preciso que me ajude com este relatório, já que não tem nada para fazer”.

Esta conduta provoca uma comunicação defensiva e agressiva, criando um círculo vicioso com consequências muito perigosas.

A pessoa agressiva não aceita críticas, criando uma situação de isolamento e antagonismo. As pessoas falam pelas suas costas, conspiram, ou então bajulam, querem agradar de forma não sincera, os outros percebem, e a cooperação, fator crucial para qualquer organização, torna-se impossível.

Tanto o comportamento submisso (perde-ganha) como agressivo (ganha-perde) acaba com a produtividade e a eficiência dos indivíduos. Conflitos não são resolvidos. Todos acabam perdendo. Inclusive a organização.

Comportamento assertivo

A conduta assertiva acontece quando o indivíduo defende seu ponto de vista, respeitando suas crenças e valores, sentimentos e necessidades, reconhecendo que os outros também têm os seus.

Isto significa uma comunicação clara, aberta e honesta, respeitando, e principalmente aceitando, os direitos do outro, mesmo sem concordar.

Quando nos comunicamos de forma assertiva, ambos sabemos a posição do outro, reduzindo o risco de suposições ou inferências que podem nos levar a conclusões erradas e criar novos conflitos.

Importante enfatizar que ser assertivo não significa que podemos dizer ou fazer qualquer coisa a qualquer momento. com a desculpa de ser “honesto” ou “sincero”, “Eu falo o que penso”.

Por outro lado, implica em assumir a responsabilidade por suas próprias mensagens e ações.

A pessoa assertiva tenta encontrar um equilíbrio entre se preocupar pelos outros a tal ponto que não ignore as suas próprias necessidades, e não ser egoísta a ponto de ignorar as necessidade dos outros.

Como consequência, criam-se relações maduras, honestas, de aceitação e respeito mútuo. E todos acabam ganhando.

Assertividade: duas considerações fundamentais

  1. É mais provável que o indivíduo obtenha o que deseja quando comunica claramente o que pensa, sente e quer.
  2. É mais provável que os indivíduos estabeleçam um clima de cooperação se respeitarem os direitos, as necessidades e as prioridades dos outros.

O comportamento assertivo, diferente do submisso e do agressivo, que podem decorrer de um estado emocional intenso, onde a resposta é impulsiva e não planejada, é um comportamento que envolve uma escolha. Envolve autoconhecimento (saber quais são suas necessidades) e autogerenciamento (como agir considerando quem você é). E não é uma escolha fácil de ser colocada em prática. Como qualquer habilidade, precisamos acreditar que podemos nos tornar melhores seres humanos, que podemos criar um clima profissional ou familiar melhor, e que todos nos beneficiaremos. E exige prática, erraremos muitas vezes, mas ao sermos persistentes, o que era um comportamento “forçado”, se tornará natural.

Que suas comunicações interpessoais sejam claras, honestas e sinceras e que envolvam muito respeito pelo outro. Mas, acima de tudo, respeito por você mesmo.