Um samba do Chico Buarque dos anos 70 cantava tudo que o personagem não fazia pois estava se guardando para quando o carnaval chegasse.
Se fosse empresário ou executivo de alguma empresa a letra iria por outros caminhos: “estou me guardando para quando o carnaval passar. “
E depois do carnaval passar, e de ter perdido 40 dias do ano ainda reclamaria que o ano vai ter Copa do Mundo, eleições gerais e um monte de feriados.
O paradigma carnavalesco tem nos acompanhado desde sempre, o que faz com a que a nossa economia funcione, aproximadamente, 10 meses por ano e, nesses 10 meses temos de trabalhar para atingir os resultados previstos para todos os 12 existentes.
Jogamos fora 16,7% da nossa capacidade produtiva, perdemos inúmeras oportunidades de negócios, atrasamos mudanças importantes, deixamos de nos enriquecer pessoalmente e profissionalmente.
Depois fingimos que somos um bando de workaholics correndo atrás do tempo perdido. Só que o tempo continua sendo o produto mais perecível que existe, uma vez perdido, nunca será recuperado.
Aí pressionamos funcionários e fornecedores com prazos inexequíveis, recebemos produtos e serviços mal feitos pela pressa ou reclamamos do preço cobrado para conseguir o que queremos dentro de um tempo que não existe mais (quem nunca disse que precisava de algo para ontem?)
O carnaval já passou e esse artigo não vai fazer com que nenhum dos seus leitores mude a realidade. Quem sabe em 2019?
Ler Proust não vai te dar a fórmula mágica para recuperar esse tempo.
Bem-vindo ao ano novo. Que nesses próximos 10 meses você não perca mais tempo, nem oportunidades.
Mesmo porque alguns dos seus concorrentes não gostam de carnaval e já saíram na sua frente.
*não precisa procurar no dicionário, a palavra decamestre não existe, é apenas uma invenção jocosa.